Zinho. Chefe da milícia se entregou para não ter mesmo fim do miliciano protegido dos Bolsonaros

Por que o miliciano mais poderoso e procurado do Rio, Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior milícia da cidade, se entregou à Polícia Federal? 

Por que o homem que há pouco tempo, em protesto pela morte de seu sobrinho (que ele pretendia que fosse seu sucessor no comando da milícia) mandou incendiar 35 ônibus e até uma estação de trens no Rio, resolveu depor as armas sem disparar um tiro?

A resposta pode vir da época em que ele começou a negociar sua rendição: a mesma em que uma operação da PF prendeu alguns de seus principais assessores e quebrou sigilos fiscal, bancário e telemático da deputada Lucinha Lins, apontada como o braço da milícia na Alerj, Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro.

A ligação das milícias com políticos no Rio de Janeiro é antiga. Prova disso é a família Bolsonaro, que sempre elogiou e homenageou com altas comendas do Estado alguns milicianos, entre eles o notório chefe do chamado Escritório do Crime, maior matador do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega, morto numa queima de arquivo na Bahia.

Aliás, nesse protegido da família Bolsonaro está a explicação de Zinho ter preferido negociar sua rendição com a Polícia Federal. Seus irmãos, que o antecederam no comando da maior milícia da Zona Oeste (logo, maior milícia do Rio, pois a zona Oeste tem 42% da população do município do Rio), foram mortos pela Polícia Civil.

Zinho, como Adriano da Nóbrega, que sabia muito sobre vários assuntos, inclusive o assassinato de Marielle Franco, é um arquivo vivo, logo, uma bomba ambulante para a promiscuidade entre milícia e políticos, de que a deputada Lucinha Lins é apenas um dos membros.

Além disso, antes de herdar o comando da milícia com a morte do irmão, Zinho era o homem do financeiro, aquele que distribuía e lavava o dinheiro — o arrecadado e o usado para comprar apoio ou eleições.

A lavagem de dinheiro das milícias envolve empresas, postos de gasolina, restaurantes e... igrejas. E envolve também o pagamento de crimes de encomenda, como o assassinato de Marielle Franco, ao que tudo indica, comandado por gente da zona Oeste.

Por isso o ministro da Justiça Flavio Dino anunciou que estava próximo o esclarecimento do mandante do assassinato de Marielle Franco, em que morreu também o motorista Anderson Gomes.

Na cadeia, vivo, Zinho tem muito a falar, numa provável delação premiada. Por isso o queriam morto, como Adriano da Nóbrega.


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