Brasil reage à proposta de ministros de Israel de expulsar 1,8 milhão de palestinos da Faixa de Gaza
Nos últimos dias, dois dos mais proeminentes membros do governo de extrema direita de Israel manifestaram desejo de uma "limpeza étnica" da Faixa de Gaza, com a expulsão de 90% dos palestinos da área, que tem 2,1 milhão de habitantes.
Os ministros das Finanças e da Segurança Nacional de Israel, Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir, sugeriram que os palestinos saíssem da Faixa de Gaza e fossem reassentados em outro lugar. Ambos são membros da Coligação Sionismo Religioso, coalizão de extrema direita que sustenta o governo de Netanyahu.
Smotrich pediu aos residentes palestinos que deixassem a Faixa de Gaza, para dar lugar aos israelenses que poderiam “fazer o deserto florescer”, segundo a Reuters.
“Se houver 100 mil ou 200 mil árabes (em Gaza), em vez de dois milhões, tudo seria diferente (na relação entre Israel e o território palestino). Para controlar militarmente o território ao longo do tempo, também é necessário ter uma presença civil”.
Entrariam aí os colonos israelenses, que ocupariam a Faixa de Gaza, anexando-a assim a Israel, e expulsando de vez de suas terras 1,8 milhão de palestinos aproximadamente.
Estaria em andamento então uma segunda Nakba.
O Ministério de Relações Exteriores do Brasil emitiu uma nota protestando contra as declarações dos ministros de Israel:
O governo brasileiro tomou conhecimento, com preocupação, de recentes declarações de autoridades do governo de Israel que desejam promover a emigração da população palestina da Faixa de Gaza para outros países, assim como o restabelecimento de assentamentos israelenses naquele território.
Ao proporem medidas que constituem violações do Direito Internacional, declarações dessa gravidade aprofundam tensões e prejudicam as perspectivas de alcançar a paz na região.
O Brasil reitera a defesa da solução de dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas.