Começou ontem no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio o julgamento da deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, a Lucinha, por cometer peculato por 56 vezes. Peculato é crime cometido por funcionário público, quando se utiliza de dinheiro público em benefício próprio.
Seria o caso da deputada Lucinha.
Segundo o Ministério Público, a parlamentar nomeou Baltazar Menezes dos Santos como assessor do seu gabinete, entre fevereiro de 2011 e agosto de 2015. O problema é que Baltazar, na realidade, prestava serviços particulares para Lucinha como pedreiro e cabo eleitoral. [O Globo]
O crime de que a deputada é acusada é semelhante ao de Jair Bolsonaro com a conhecida Wal do Açaí.
O relator do processo, desembargador Claudio Brandão de Oliveira, votou pela condenação da deputada mais de quatro anos de prisão e à perda do mandato. Lucinha também teria que reparar o erário estadual com uma indenização de R$ 173.470, 57.
'Madrinha' de milicianos
Mas peculato não é o único B.O. da deputada. Em dezembro passado, Lucinha foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal na Operação Batismo. Segundo a apuração policial, Lucinha seria o braço político da milícia "Bonde do Zinho", à época o maior grupo paramilitar do estado.
De acordo com as investigações, a deputada Lucinha estaria associada com o alto escalão do Bonde do Zinho. Os indiciamentos do MPRJ e da PF apontam que a parlamentar é suspeita de interferência na segurança pública do Rio para a soltura de milicianos presos em flagrante.
Lucinha era
identificada pelos milicianos como "madrinha" e atuava para tentar
proteger os integrantes das facções criminosas das autoridades. Em
telefonemas interceptados pela PF, a parlamentar chegou a mandar
"beijos" e desejar que os milicianos "ficassem com Deus".
Curiosa ou coincidentemente, poucos dias após a operação da PF contra Lucinha o miliciano Zinho se entregou à polícia, no dia de Natal.
Em 2017, uma outra Operação da Polícia Federal descobriu que a milícia pagava R$ 40 mil por mês pelo vazamento de informações privilegiadas da Secretaria de Segurança Pública, de modo a facilitar as atividades do grupo sem a presença das forças policiais.
A apuração também indica que Lucinha ajudou no vazamento de informações de operações policiais com o objetivo de capturar milicianos e tentou alterar o comando do batalhão da Polícia Militar em Santa Cruz, região sob controle do Bonde do Zinho à época.
No julgamento de ontem no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, o desembargador Cláudio de Mello Tavares pediu vista do processo e, com
isso, os demais vão aguardar o voto de Tavares para continuarem o julgamento.