As candidaturas postas à prefeitura de São Paulo este ano formam uma tabela com dois lados. À esquerda, Guilherme Boulos, do PSOL, tendo como vice Marta Suplicy, novamente no PT. À direita, os demais, que vão da centro direita, passam pela direita e chegam à extrema direita.
Em todas as pesquisas, como as mais recentes Atlas e Datafolha, Boulos lidera. Umas com mais, outras com menos vantagem.
Os principais apoiadores das candidaturas, à esquerda e à direita — Lula e Bolsonaro — têm avaliações bem distintas na pesquisa Datafolha, divulgada hoje:
Bolsonaro é o padrinho mais rejeitado em São Paulo. Lula o mais bem avaliado.
Como mostra o quadro abaixo, 23% votariam com certeza no indicado de Lula e 28% poderiam votar, o que dá 51% de possibilidade de voto. Já 45% não votariam.
Com Bolsonaro a situação é oposta: 18% votariam com certeza num candidato apoiado por ele e outros 18% poderiam votar, o que dá 36%, insuficientes para uma vitória (50% + 1 voto pelo menos). Já 61% não votariam de jeito nenhum.
Embora a campanha de Guilherme Boulos esteja procurando apoios à direita, segundo os jornais, o que os números das pesquisas e a situação do país mostram é que o país está polarizado entre os que acham que o estado só atrapalha, e os que, ao contrário, acham que o estado é fundamental para garantir assistência, especialmente aos menos favorecidos, com programas sociais, preocupação com moradia, saúde, segurança. Ou seja: direita e esquerda.
Como a eleição de Bolsonaro mostrou, boa parte do Brasil aceita as maiores loucuras, desde que o candidato sinalize mudança no status quo. E isso será feito pela direita ou pela esquerda.
Boulos representou mudança e alimentou essa esperança em 2020, e quase chegou lá. Tem grande chance agora, se mantiver a chama da novidade, de quem promete um governo diferente de tudo o que foi feito antes, com projetos para a juventude, a periferia, os menos favorecidos, tudo o que ele representou e ainda representa. De que vai fazer um governo de esquerda.
Se começar a cortejar a direita, vai passar a ser visto como um político tradicional e assim abrir espaço para um político não tradicional à direita. Basta ver como a entrada em cena da possível candidatura de Pablo Marçal desidratou em um terço a do atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes.
A cidade de São Paulo já sinalizou que quer mudanças desde a eleição presidencial, quando deu grande vitória a Lula sobre Bolsonaro (47,5% a 38%). A saída de Boulos é politizar à esquerda.
De políticos tradicionais e à direita, o quadro de adversários está cheio.