Ontem o juiz Sergio Moro se tornou réu numa ação de calúnia contra o ministro Gilmar Mendes. Mas os desentendimentos entre Moro e Mendes não são de agora nem recentes ou poucos. Talvez tudo tenha se originado em março de 2016, com uma ilegalidade cometida por Moro e sua repercussão no Jornal Nacional.
A ilegalidade de Moro e sua amplificação em horário nobre no telejornal de maior audiência do país induziram o ministro Gilmar Mendes a cometer um erro que ele reluta em chamar de erro — o que seria demais para seu ego —, mas o faz de outras formas, como nessas declarações retiradas de uma reportagem da Folha de 9 de setembro de 2019:
"Hoje temos uma visão mais completa do que estava se passando. Mas as informações disponíveis na época permitiam concluir que havia um viés de fraude na nomeação, um desvio de finalidade, e foi esse o sentido da decisão. Seria preciso ter todas as informações disponíveis e analisá-las em seu devido contexto, mas é muito estranho que somente um pedaço do fato e não sua inteireza tenha sido divulgado à época." [Folha]
O erro que Gilmar evita falar o nome
Em 17 de março de 2016, Gilmar Mendes suspendeu em caráter liminar a posse de Lula como ministro de Dilma.
A decisão do ministro foi tomada no calor da reportagem publicada no dia anterior no Jornal Nacional com os grampos e trechos vazados da investigação da república de Curitiba, com o procurador de deus Deltan Dallagnol à frente, que, segundo afirmavam, mostrava que Lula estaria tentando atrapalhar as investigações.
Mais, pelo encadeamento dos áudios e textos, a conclusão a que se chegava era de que a nomeação de Lula como ministro tinha o objetivo de lhe dar prerrogativa de foro com o status de ministro e tirá-lo das garras de Sergio Moro.
Ouvidos sem o calor e a onda antiLula e em favor da Lava Jato e do "herói" Sergio Moro daquela época, os áudios não mostram nenhuma tentativa de atrapalhar ou barrar as investigações, apenas protesto e indignação de Lula.
Fato é que a decisão do ministro Gilmar Mendes pode ter custado o impeachment de Dilma, segundo análise do homem
que se beneficiou com o golpe, o golpista Michel Temer, numa entrevista ao
Roda Viva:
E com o impeachment de Dilma tudo de ruim que veio em seguida: o governo destruidor de Temer, a prisão de Lula, a proibição de sua candidatura, a eleição do pior presidente da história.