Em publicação na Rede Social X neste domingo, a ex-mulher do presidente da Câmara Arthur Lira, Jullyene Lins, pede para ser convocada à Câmara dos Deputados para "ouvir o que eu tenho a falar e apresentar sobre o Presidente da Câmara dos Deputados".
Em resposta a uma publicação do deputado André Janones, Jullyene escreveu:
Eu acredito que nesse momento seria muito mais oportuno um requerimento de urgência para ouvir o que eu tenho a falar e apresentar sobre o Presidente da Câmara dos Deputados, não haverá justiça nem imparcialidade nessa casa enquanto não for apurado tudo o que for necessário para cessar essas chantagens e hipocrisias! Quando à justiça falha o povo clama e vocês precisam nos atender! Essa, é ou não, a casa do povo?
Eu acredito que nesse momento seria muito mais oportuno um requerimento de urgência para ouvir o que eu tenho a falar e apresentar sobre o Presidente da Câmara dos Deputados, não haverá justiça nem imparcialidade nessa casa enquanto não for apurado tudo o que for necessário para…
E não é pouca coisa o que Jullyene tem para falar sobre Arthur Lira. A começar pela acusação de estupro, que está censurada por uma informação errada aos juízes.
Segundo o desembargador que censurou a reportagem, a acusação não procedia porque uma decisão do STF já teria absolvido o deputado.
Só que a absolvição se refere às acusações de agressão. Segundo Jullyene, ela em juízo teria negado as acusações porque Lira a teria chantageado, ameaçando-a com a perda dos filhos. A decisão é de 2016.
A acusação de estupro só foi revelada no ano passado na reportagem da Agência Publica censurada.
Mas não é apenas a acusação de estupro que Jullyene tem a mostrar. Em outras reportagens ela denunciou ocultação de patrimônio e esquema de corrupção na chamada Operação Taturama, em Alagoas.
Pergunta: A senhora também testemunhou em processos de corrupção envolvendo Lira, como o da Taturana, que mirou em esquemas de desvios na Assembleia Legislativa de Alagoas quando ele era deputado estadual. O que disse?
Que eu via os malotes de dinheiro chegando, via tudo. As reuniões, tudo que rolava, mas ele mandava eu sair. Ele dizia que o dinheiro vinha de venda de fazendas, gados, ou que era para ele comprar fazenda, que tinha recebido dinheiro de fulano. Às vezes ele me mandava contar para ver se estava certo.Pergunta: A senhora também já afirmou que foi usada como laranja por Lira. Como foi isso?
Fui usada como laranja por ele. Foi uma empresa que ele me colocou como laranja junto com a esposa de outro deputado na época. Depois disso, eu não tenho mais vida fiscal, tributária. Respondo a causas trabalhistas, não posso ter conta em banco, nada.Pergunta: E o esquema na Assembleia, como foi?
Foi um esquema que a gente recebia, como várias pessoas, e ninguém ia trabalhar. Ele que me colocou lá, era o primeiro secretário. Eu estava lotada no gabinete dele e já era casada com ele. Ele tirou empréstimos inclusive usando nomes de outras pessoas, como o meu, usando como pagamento o meu salário. [Fonte: Constança Rezende, Folha]
Jullyene Lins diz ter recibos que comprovariam a compra de pelo menos três fazendas em Pernambuco, que são sonegadas por Lira. São contratos de gaveta, que estavam no cofre da casa e que a ex-mulher xerocou e reconheceu firma.
Confira no vídeo, que é trecho de ICL Notícias, reportagem de Heloísa Vilela com Jullyene.
EXCLUSIVO: Documentos inéditos indicam que Arthur Lira OCULTOU PATRIMÔNIO!
— ICL Notícias (@ICLNoticias) June 27, 2023
ICL Notícias 2ª edição vai ao ar, de segunda a sexta-feira, às 18h, nos canais do YouTube do Eduardo Moreira e do Instituto Conhecimento Liberta. Não perca! pic.twitter.com/PS3TPkMauL
Não será motivo suficiente para que Jullyene seja chamada à Câmara dos Deputados para ser ouvida? Até para esclarecer tudo e parar essa disputa de versões entre um homem poderoso, que usa de seu poder para censurar matérias e barrar processos e uma mulher que luta para ser ouvida.