Folha dá voz a Flávio Bolsonaro contra Moraes e abraça de vez bolsonarismo e golpismo

Talvez influenciada pela morte de Delfim Netto, que trouxe ao Brasil lembranças da ditadura (ditabranda para a Folha) e do AI-5, a Folha resolveu tomar como sua a célebre frase do ministro Jarbas Passarinho no dia da promulgação do infame ato:

"Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência."

Foi o que fez a Folha ao produzir a manchete com graves insinuações contra o ministro Alexandre de Moraes:

"Moraes usou TSE fora do rito para investigar bolsonaristas no Supremo, revelam mensagens".

O "fora do rito" encaixado na manchete foi o apito de cachorro para as hordas bolsonaristas saírem do esgoto e correrem para a tribuna e os tribunais em busca da salvação do inelegível, indiciado, investigado por inúmeros crimes Jair Bolsonaro e seus asseclas, assim como todos os golpistas de 8 de janeiro.

A Folha, em parceria com o jornalista Glenn Greenwald, que depois que perdeu a mãe e o marido parece ter perdido também o rumo, produziram um pastel de vento com chumbinho — o "fora do rito" da manchete.

A reportagem mostra que o ministro do STF e o presidente do TSE na época agiam combinados, como se fossem uma mesma pessoa na época. Só que eram: o ministro do STF era Alexandre de Moraes e o presidente do TSE também.

Por serem a mesma pessoa, um sabia do que o outro estava fazendo, dos processos que estavam tocando, e por isso usaram (uso o plural porque o veneno do título trata como duas uma mesma pessoa) seus assessores, com conhecimento do Procurador Geral da República (sic), para aprofundarem investigações sobre acusados de golpe e de propagadores de fake news do gabinete do ódio — ambas investigações do TSE, presidido por Moraes, e dos processos relatados pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Logo, as hordas bolsonaristas correram para o X, onde foram acolhidas com os braços abertos e uma postagem de boas vindas do dono do X e golpista Elon Musk, que escreveu em seu perfil na rede de que é dono:

This platform is being asked to censor content in Brazil where the censorship demands require us to violate Brazilian law! That is not right.
Esta plataforma está sendo solicitada a censurar conteúdo no Brasil onde as exigências de censura exigem que violemos a lei brasileira! Isso não está certo.

A Folha tratou de publicar a mensagem de Musk com novo título novamente golpista e bolsonarista:

"X, de Elon Musk, divulga nova decisão sigilosa de Moraes contra bolsonaristas".

Não, Folha, o ministro não tomou decisão contra bolsonaristas, os bolsonaristas é que tomaram decisões contrárias às leis do país e por isso estavam sendo tomadas atitudes para preservar a ordem pública.

Mas o serviço da Folha não estaria completo sem ouvir um "atingido" pela atuação "fora do rito" de Moraes, o filho do ex-presidente senador Flávio Bolsonaro.

O Flávio Chocolate, das rachadinhas, da mansão milionária em Brasília, da Abin para pressionar a Receita, recebeu o seguinte título da Folha para suas acusações:

"Cenas de Brasília: Flávio Bolsonaro pede a palavra no Senado para afirmar ver crime de Moraes em mensagens".

O texto da reportagem é tão afinado com as palavras de Flávio que até parece que foi tudo escrito por ele:

O gabinete do ministro ordenou por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar decisões do próprio ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake news no Supremo durante e após as eleições de 2022.

"É a desmoralização de um ministro do STF usando a máquina pública para perseguir aquele que ele considera adversário político, mais especificamente Jair Messias Bolsonaro. Não tem devido processo legal aqui, tem arapongagem", disse o senador.

O parlamentar diz que o caso se trata de um atentado à democracia e passa a ler trechos da reportagem.

"Se isso for confirmado, é uma prova de interferência direta do então presidente do TSE dando ordens para prejudicar um candidato, desequilibrando a disputa presidencial. Algo que já suspeitávamos, mas se confirmado isso aqui, é a prova da interferência direta criminosa", afirmou.


Num dia 13, não de dezembro, como no AI-5, mas de agosto, a Folha tirou a máscara e radicalizou o golpismo, com seu AI-5 particular, como a ditadura em 1968.

Lá se foram de vez os escrúpulos do jornalão paulista.


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