11/9. Por que atentado às Torres Gêmeas sumiu das manchetes 23 anos depois?

O mundo literalmente parou no dia 11 de setembro de 2001. O primeiro ano do novo milênio parecia começar ali naquele espetáculo inimaginável, parecia coisa de cinema: dois Boeings, com uma diferença de minutos entre eles, indo de encontro e explodindo as Torres Gêmeas, em Nova Iorque.

O atentado foi atribuído à organização terrorista Al-Qaeda, liderada por um muçulmano de família rica, Osama Bin Laden, que passou a ser considerado o inimigo número 1 do Ocidente, com a cabeça a prêmio.

 


Bin Laden, no entanto, mesmo com a maior caçada mundial a um só homem, foi morto apenas em em 2 de maio de 2011, em sua casa no Paquistão, quase dez anos após o atentado.

Nesse meio tempo, duas guerras foram iniciadas pelos Estados Unidos, contra o Iraque e o Afeganistão, em nome do combate ao terrorismo. Causando um número estimado de 4,5 milhões de mortos, segundo um levantamento divulgado pelo Watson Institute International & Public Affairs, da Brown University.

O levantamento, intitulado ”How Death Outlives War: The Reverberating Impact of the Post-9/11 Wars on Human Health” (Como a morte sobrevive à guerra: o impacto reverberante das guerras pós-11 de setembro na saúde humana – em tradução livre), aponta que morreram entre 4,5 milhões e 4,6 milhões de pessoas, direta ou indiretamente, em função de conflitos com participação dos Estados Unidos em países como Afeganistão, Paquistão, Iraque, Síria e Iêmen, além de outros conflitos como Líbia e Somália, nos quais as tropas norte-americanas participaram com menor efetividade.

O custo dessa guerra ao terror para os Estados Unidos foi de 3 trilhões de dólares, em valores de 2011, segundo estimativas conservadoras, que não incluem pensões a ex-combatentes, órfãos e viúvas, entre outros itens.

O mundo conheceu a imagem vingativa e terrorista dos Estados Unidos, com as torturas denunciadas ao mundo, especialmente na prisão de Guantánamo, área ocupada pelos EUA em Cuba.

Conheceu também um novo vexame das tropas estadunidenses, que tiveram de sair correndo do Afeganistão, em agosto de 2021, como anteriormente já o havia feito no Vietnã, deixando para trás bilhões de dólares em armas e munições.

Aproximadamente US$ 7 bilhões em equipamentos militares que os EUA transferiram para o governo afegão ao longo de 16 anos foram deixados para trás no Afeganistão depois que os EUA concluíram sua retirada do país em agosto do ano passado, de acordo com um relatório do Departamento dos EUA obtido pela CNN.
Por isso os Estados Unidos já não badalam mais o 11/9.

A mídia, por sua vez, acha ótimo. Porque aquele que é considerado o maior e mais respeitado jornal do Ocidente, o The New York Times, teve que confessar que se deixou levar (inocentemente ou não, o leitor decide) pela conversa fiada de que havia armas químicas de destruição em massa no Iraque, o que nunca foi provado, e foi o motivo deflagrador da guerra de destruição àquele país, que começou cobrando a cabeça do antigo aliado Sadam Hussein.

Toda a mídia ocidental ecoou o NYT, e teve que engolir a seco a retratação pública do jornal:

O jornal "The New York Times" publicou ontem um editorial, intitulado "Uma Pausa para Olhar para Trás", para se desculpar mais uma vez por ter afirmado que o ex-ditador do Iraque Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa.
"Nos últimos meses, esta página repetidamente exigiu que o presidente [George W.] Bush reconhecesse os erros que seu governo cometeu quando entrou em guerra com o Iraque. (...) Se queremos que o sr. Bush seja franco sobre seus erros, devemos ser igualmente diretos sobre os nossos." [Folha]
Mas quem viu e viveu aquele 11 de setembro de 2001 guarda a lembrança inesquecível daquelas imagens. Todo mundo se recorda exatamente o que estava fazendo naquele momento que inaugurou o novo milênio.



Contribua com o blog que está com você há 19 anos
PIX: blogdomello@gmail.com