Mercenários invadem Venezuela para matar 'ditador'. Realidade? Game? Ou os 2?

Nessa última segunda fracassou novo golpe de Estado na Venezuela. Seria apenas mais um se não tivesse a peculiaridade de ser um golpe com hora marcada.

Criaram um site, com perfis no TikTok e Instagram, de uma movimento chamado Ya Casi Venezuela (Quase lá Venezuela) que anunciava as 20h (21h no Brasil) do dia 16 de setembro como a hora H do fim do governo Maduro.

Mas o que aconteceu foi que o governo Maduro prendeu cinco mercenários antes do golpe, com mais de 400 fuzis, e o golpe não aconteceu.

O ministro do Interior Diosdado Cabello, segundo na hierarquia venezuelana, abaixo apenas do presidente Nicolás Maduro, fez um pronunciamento denunciando este golpe fracassado e outros anteriores.

A mão que alimenta os golpes na Venezuela

Por trás de todos os golpes é visível a mão do governo dos Estados Unidos, que quer sob seu controle a maior reserva de petróleo do mundo, a da Venezuela. 

É tão descarada a vontade golpista dos EUA, que uma empresa de lá, a Pandemic, chegou a lançar um game em 2008 com a seguinte logline:

Unsatisfied with controlling most of the world's oil, the American Empire invades Venezuela in "Mercenaries 2 World in Flames".

[Insatisfeito com o controle da maior reserva de petróleo do mundo, o Império Americano invade a Venezuela em "Mercenaries 2 World in Flames".]

 

O game foi assim apresentado pelo diário espanhol El País, dois anos antes de seu lançamento oficial. 

Um comando chega à refinaria venezuelana de Amuay, no Estado de Falcón, com o objetivo de tomá-la de assalto.

A refinaria de Amuay faz parte do Complexo de Refino de Paraguaná (CRC), considerado o maior do mundo.

Está localizada no oeste da Venezuela, na costa do Mar do Caribe e recebe petróleo bruto dos ricos campos do Estado de Zulia, principal região petrolífera do país.

Boa parte dos derivados ali obtidos é destinada aos mercados internacionais, principalmente os Estados Unidos.

Mario Silva, apresentador do programa da TV venezuelana La Hojilla, destacou outro detalhe que, na sua opinião, demonstra o propósito ideológico do jogo.

“Os bandidos do jogo usam roupas vermelhas e quando um dos invasores consegue matar, ouve-se um grito dizendo 'Fora vermelho!' A mensagem é clara", afirmou, referindo-se ao fato de que os apoiadores de Chávez e o próprio presidente se vestem regularmente com essa cor.

O objetivo dos mercenários: eliminar o ditador local e se apossar das reservas de petróleo. "Coincidentemente", meta perseguida pelo governo dos EUA até hoje. 

Morreu Chávez, entrou Maduro e o desejo de eliminá-los é tão declarado que o Departamento de Estado, no governo do presidente Trump, pôs a prêmio as cabeças de Maduro e seus principais assessores.


Como pode um governo que se diz democrático colocar a prêmio a cabeça do presidente de um outro país?

E aqui no Brasil nossa mídia hereditária e corporativa chama Maduro de ditador. A mesma mídia que se refere aos ditadores do golpes de 1964 como ex-presidentes: Geisel, Figueiredo, Médici.



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