Presidente da Venezuela 'eleito' por EUA e mídia reconhece Maduro, dá no pé e volta atrás

Em 28 de julho deste ano os venezuelanos foram às urnas escolher seu presidente. Segundo o Conselho Nacional Eleitoral e o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela o vencedor foi o atual presidente Nicolás Maduro, portanto, reeleito.

Mas a oposição, como aqui no Brasil com Aécio em 2014 e Bolsonaro em 2022, não reconheceu a derrota e botou a boca na mídia Ocidental pró EUA, que chama Maduro de ditador e denunciou, sem provas mas com convicção, a reeleição como fraudulenta.

O secretário de Estado dos EUA chegou a declarar o opositor Edmundo González como novo presidente, no que foi seguido por nossa mídia hereditária em peso.

González também se declarava vencedor e não reconhecia a vitória de Maduro. No entanto, não compareceu ao Supremo da Venezuela para mostrar as atas que diz ter e que comprovariam sua vitória. Buscou refúgio na embaixada da Espanha em Caracas e lá ficou, sem reconhecer sua derrota. Até o dia 7 de setembro. 

Nesse dia, assinou uma carta reconhecendo a derrota, a vitória de Maduro, a lisura do processo, os poderes do CNE e do Supremo, pegou o avião e se mandou para a Espanha, embora a embaixada tenha garantido a ele espaço para permanecer na Venezuela nas instalações da embaixada, se assim o desejasse.

 


Além de reconhecer a vitória de Maduro, Edmundo comprometeu-se na carta a:

"Meu compromisso é de que minha atividade pública fora da Venezuela será limitada. Não pretendo em nenhum caso exercer representação formal ou informal alguma de poderes Públicos do Estado venezuelano. Serei absolutamente respeitoso das instituições e interesses da Venezuela e sempre apoiarei a paz o diálogo e a unidade nacional. 

Adicionalmente, com o propósito de contribuir para alcançar esse clima de convivência e tranquilidade que todos ansiamos vou guardar a devida prudência, moderação e respeito em âmbito público."

O presidente da Assembleia venezuelana Jorge Rodriguez mostrou uma imagem da assinatura de Edmundo González no documento original, que foi emitido em duas vias.

 

No entanto, mal chegado à Espanha e diante da reação negativa de seus apoiadores e da pressão internacional pelos que querem a derrubada de Maduro, Edmundo González fez como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e disse "esqueçam o que escrevi". Teria sido coagido a fazê-lo. 

Escreve nova carta contando essa nova história. 


Compatriotas, dirijo-me a vocês para informar a todos a verdade do que aconteceu com minha saída da Venezuela.

O regime pretende que todos os venezuelanos percam a esperança. O mundo todo sabe que sempre se repete no jogo sujo, na coação e na manipulação.

Estando na residência do embaixador da Espanha, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, e a vice-presidente da República, Dlexi Rodríguez, apresentaram-se com um documento que teria de ser referendado para permitir a minha saída do país. Em outras palavras, ou assinava ou aguentasse as consequências.

Houve horas muito tensas, de coação, chantagem e pressão. Nesses momentos considerei que poderia ser mais útil livre que encarcerado e impossibilitado de cumprir as tarefas que me recomendou o [povo] soberano.

Um documento produzido sob coação é viciado de nulidade absoluta por um vício grave no consentimento.

Como presidente eleito de milhões e milhões de venezuelanos que votam por uma mudança, pela democracia e pela paz, não vão me calar. Jamais os vou trair. Isto sabem todas e cada uma das pessoas com quem falei até hoje.

A comunidade internacional continua aumentando seu apoio à vontade soberana do povo venezuelano.

O que deveria ser divulgado são as atas de escrutínio. A verdade é aquilo que é e está nas atass que pretendem ocultar.

Não vão calar um país que já falou. Milhões de venezuelanos têm a vontade de mudança e eu vou cumprir esse mandato.


O presidente da Assembleia da Venezuela Jorge Rodriguez deu prazo de 24 horas para que Edmundo González se retrate ou afirma que vai divulgar o inteiro teor da conversa que tiveram no interior da embaixada da Espanha, onde foi assinado o documento na presença do embaixador, que comprovaria que o documento foi assinado sem pressão alguma.

Há informações de que até a conversa que tiveram por telefone, que teria sido a pedido de Edmundo González, será revelada.

Pode vir aí uma nova carta.

 

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