Ultradireitista Le Pen pode perder mandato por 'rachadinha à la française'

A líder da ultradireita francesa Marine Le Pen, do Rally Nacional (RN), chegou ao Tribunal de Paris onde será julgada junto a outras 26 pessoas até 27 de novembro. Todos acusados ​​de terem desviado fundos do Parlamento Europeu destinados ao pagamento dos salários dos assistentes para, na realidade, fazer face às despesas do partido na França.

O chamado escândalo de empregos fictícios foi, supostamente, uma ação dirigida pela liderança do partido francês de extrema-direita de Le Pen para utilizar os fundos que recebeu de Bruxelas entre 2009 e 2017, período em que o partido teve muito mais presença na Europa ―e, portanto, subsídios― do que na França, para funções fora do seu perímetro legal. 

Le Pen e os outros 26 são suspeitos, segundo os magistrados franceses que conduziram a investigação desde o final de 2016, de terem lançado “de forma orquestrada e deliberada” durante esse período um “sistema de desvio” dos 21 mil euros mensais atribuídos pela UE a cada eurodeputado para remunerar seus assistentes parlamentares. Estes últimos teriam na verdade trabalhado todo ou parte do seu tempo para o RN, permitindo assim ao partido poupanças consideráveis ​​em salários.

Em outras palavras, como tinha mais representatividade no Parlamento Europeu que na França, Le Pen e os seus desviavam verbas que recebiam do Parlamento Europeu para pagarem funcionários do Partido. Uma "rachadinha à la française", porque no Brasil os deputados desviam o dinheiro para seus bolsos mesmo.

Segundo informações, no caso do partido de Le Pen existe documentação abundante que comprovaria que o desvio era um sistema organizado e consciente, do qual os dirigentes máximos do partido tinham conhecimento. Incluindo o antigo presidente do partido, Jean-Marie Le Pen, que não compareceu esta segunda-feira em tribunal. 

Jean-Marie, pai de Marine e ex-presidente e cofundador da Frente Nacional – que em 2018 passou a ser o RN – foi examinado em sua casa, no dia 19 de junho, por especialistas que atestaram “uma profunda deterioração das suas capacidades físicas e psicológicas”.

O principal problema deste julgamento para Marine Le Pen é que uma condenação definitiva, mesmo depois dos recursos previsíveis, poderia implicar sua desqualificação política e impedi-la de concorrer às eleições presidenciais marcadas para 2027, onde desponta como uma das favoritas.

Com informações do El País.

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