A Câmara Federal de Cassação Penal da Argentina manteve nesta quarta-feira a sentença de seis anos de prisão e "inabilitação perpétua para exercer cargos públicos" contra a ex-presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner (CFK) por um caso de corrupção relacionado a irregularidades em obras rodoviárias.
O Tribunal Oral Federal 2 havia condenado Fernández de Kirchner em dezembro de 2022 pelo crime de administração fraudulenta de fundos públicos, no qual foram investigadas irregularidades na concessão de 51 obras rodoviárias a empresas pertencentes ao empresário Lázaro Báez durante o governo do falecido Néstor Kirchner (2003-2007) e o de sua esposa e sucessora, Cristina Fernández, na província de Santa Cruz, berço político do kirchnerismo.
O que diz Cristina
"Saibam que façam o que fizerem não vão me silenciar. Eu não fui e nunca serei um animal de estimação do poder. Desde muito jovem fui membro do peronismo e trabalhei por uma Argentina mais justa e mais humana, e uma Nação que construa uma Pátria. E sabem o que mais? Pretendo continuar fazendo isso", disse a ex-presidente em uma carta publicada em suas redes sociais.
Em um documento intitulado "Clarín, La Nación, Los Copitos y el delito imposible", Cristina Kirchner acusou os juízes de seguirem a "ordem dada pelo Clarín", depois que o jornal publicou, após a tentativa de assassinato contra ela, a manchete: "La bala que no salió y el fallo que sí saldrá" (A bala que não saiu e a decisão que sairá).
"Se eles não me mataram, eu tenho que estar na imprensa", enfatizou CFK no texto que ela tornou público antes da sentença contra ela.
Ao fazer uma comparação com a quadrilha que é processada pela tentativa de seu assassinato em 1º de setembro de 2022, a ex-chefe de Estado disse que "Los Copitos" desta oportunidade são os juízes que decidiram sobre a sentença de seis anos de prisão que pesa contra ela após a decisão do Tribunal Oral Federal 2 em 2022.
"Nesta oportunidade 'Los Copitos de Comodoro Py' são Mariano Borinsky, que jogou tênis com Mauricio Macri em Olivos; Gustavo Hornos, que visitou Macri [ex-presidente neoliberal e adversário de CFK] na Rosada e que é acusado de assédio sexual e estupro", lembrou a ex-presidente.
Cristina continuou a lista com "Diego Barroetaveña, líder da lista macriista de magistrados para o Conselho da Magistratura", um órgão que ela considerou ser "comandado por Julio César Saguier, proprietário do Grupo La Nación".
"Todos eles vão confirmar a condenação do Tribunal Oral formado por outros membros da mesma quadrilha. Rodrigo Giménez Uriburu; aquele que, junto com o promotor do caso, Diego Luciani, tinha um time de futebol chamado Liverpool que jogou em um torneio organizado... na casa particular de Mauricio Macri", disse o ex-presidente.
CFK disse que a condenação contra ela será por um crime que "como presidente" ela "nunca poderia ter cometido":
"Administração fraudulenta em obras rodoviárias, aprovadas pelo Parlamento em orçamentos nacionais, licitadas, executadas e pagas pelo governo da província de Santa Cruz e aprovadas pela Auditoria Geral da Nação e pelo Congresso da Nação de 2003 a 2015". E acrescentou: "Tanto é assim que nenhum chefe de gabinete da Nação - constitucionalmente responsável pela execução do orçamento e pela administração do país - foi acusado e que o próprio ministro nacional responsável pela área durante nossos três governos foi absolvido. É simplesmente ridículo", questionou.
Com informações da agência EFE e Página12