Lobo solitário, fanático, maluco, todas essas palavras e outras têm sido aplicadas a Francisco Wanderley Luiz, conhecido como "Tiü França", que lançou bombas sobre a estátua da Justiça diante do prédio do STF fantasiado de Coringa e depois se matou.
Mas conversas com antigos amigos, inclusive o deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC), e o irmão de Tiü França falam de outra pessoa: alegre, bom astral, comunicativo, empreendedor.
“De um ano e meio, dois anos pra cá, a política virou uma obsessão para ele”, conta Rogério. A notícia do ataque foi um choque para a família. Ele ainda o descreveu como uma pessoa alegre, sociável e querida por muitos amigos. “Não reconheço aquele homem nas imagens como meu irmão”, desabafa Valdir Rogério Luiz, irmão de Tiü França.
O deputado federal Jorge Goetten, que é da mesma cidade de Rio do Sul (SC) do terrorista, o descreve como pessoa pacífica, empresário de sucesso:
“Sempre uma pessoa muito pacífica. No ano passado, com sinceridade, eu falei, esse não é o França que eu conheço. Estava emocionalmente abalado, falou muito sobre a separação da esposa. Me pareceu abalado emocionalmente, com a saúde mental abalada. Foi isso que eu senti. Conversamos como amigos e conterrâneos, relembramos nosso tempo de Rio do Sul. Jamais imaginei que ele cometeria um ato desse de suicídio assim, longe de casa”, disse Goetten.
Quando Tiü França virou Coringa
“De um ano e meio, dois anos pra cá, a política virou uma obsessão para ele”, dá uma pista o irmão.
Um ano e meio, dois anos... Isso bate exatamente com as eleições de 2022 e os acontecimentos anteriores e posteriores a ela que levaram à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023.
Foi alimentado pelo turbilhão de fake news e desinformação da extrema direita bolsonarista nas redes, que, principalmente desde o início das investigações do "gabinete do ódio", se voltou contra o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, a quem Jair Bolsonaro direcionava e direciona seu ódio.
Há informação de que Tiü França teria participado de acampamentos golpistas na frente dos quartéis.
Daiane, sua ex-esposa, revelou em depoimento à Polícia Federal de Santa Catarina que seu ex-marido afirmou várias vezes a ela que pretendia "matar Alexandre de Moraes e quem mais estivesse perto na hora do atentado".
O papel do Facebook
O Coringa compartilhava seus delírios alucinatórios no Facebook sem sofrer censura da rede. A mesma rede que corta umas postagens imediatamente se aparecer o seio de uma indígena adulta. Ou postagens políticas contra a extrema direita e o genocídio em Israel contra palestinos em Gaza.
E as publicações do Coringa anunciavam o que ele faria e acabou fazendo.
Lá ele também republicava postagens que enviava a si mesmo no WhatsApp, rde que pertence ao mesmo grupo do Facebook, a Meta:
E muito mais que não veio a público, porque tão logo o atentado virou notícia o Facebook apagou o perfil do criminoso, coisa que deveria ter feito antes.
As redes sociais têm as mãos sujas desses crimes, como o desse atentado. Nelas os criminosos são formados e informados com fake news que os sequestram da realidade, como o "simpático e comunicativo" Tiü França que se transformou no lunático e criminoso Coringa.
Enquanto não houver uma regulamentação das redes sociais que as coloquem nas cenas dos crimes e no banco dos réus como corresponsáveis, novos crimes de "lobos solitários", "Coringas", alimentados de ódio por elas, serão cometidos.