Se o ministro da Fazenda Fernando Haddad não assistiu ao Jornal Nacional de ontem com uma matéria sobre um velhinho analfabeto de 76 anos que teve o BPC cortado, deveria assisti-la agora. Terá uma boa lição de como a fábula do sapo e do escorpião funciona na prática.
Atendendo às incessantes matérias da mídia corporativa para que haja corte de custos do governo em cima do mais pobres, o ministro Fernando Haddad começou ordenando um pente fino no BPC.
A mídia, que é house organ do mercado financeiro e hoje em dia tem nele sua fonte de sobrevivência, aplaudiu, mas pediu mais: Quer a desvinculação do reajuste do benefício do salário mínimo. E a medida estaria entre as que foram levadas por Haddad ao presidente Lula, que, a bem da verdade, tem reiterado que não irá cortar dos mais pobres.
E o BPC é "o" dos mais pobres, entre todos. Confira tudo sobre ele aqui na página do Governo sobre o BPC
O BPC no JN
Matéria de ontem no Jornal Nacional foi sequência de outra da semana passada com o mesmo personagem, o senhor João Batista de Lisboa, de 76 anos, que depende do salário mínimo do BPC, Benefício de Prestação Continuada, para se alimentar. No dia de sacar o dinheiro, descobriu que ele havia sido bloqueado. As duas matérias mostram as dificuldades do senhor João para voltar a receber o benefício que lhe é de direito.
É que o senhor João caiu no pente fino. Ele não compareceu para confirmar sua situação e teve o benefício cortado até legalizá-lo.
O motivo é comum a muitos dos beneficiários do BPC: o senhor João não tem telefone para receber as mensagens do INSS nem sabe ler ou escrever. Só soube que deveria procurar o INSS quando chegou ao banco contando com o dinheiro e soube que estava bloqueado.
A matéria mostra o périplo do idoso até ontem, uma semana depois, quando a situação dele foi finalmente regularizada, mas o dinheiro ainda não havia sido recebido: só em mais uma semana, por burocracia do banco, "porque ele não movimenta a conta"...
O veneno do escorpião
Ministro Haddad, a mesma mídia que está com a faca no seu pescoço exigindo cortes nos programas sociais, vai meter uma guilhotina no pescoço do governo do presidente Lula quando começarem a pipocar os problemas com os que vierem a sofrer o mesmo que o senhor João.
Não se nega que o BPC, assim como todos os programas sociais, devem beneficiar o público a que se destinam, mas isso deve ser uma política de gestão e não um tacão feito de uma hora para outra em busca de moedinhas esquecidas no fundo das gavetas, como se faz para juntar o do aluguel ou o da luz e do gás.
O beneficiário chegou na boca do caixa e descobriu que o dinheiro está bloqueado, a resposta deve ser imediata: comunicação com o Cadastro Único mais próximo para atendimento ao idoso ou deficiente para uma pronta solução do problema. Uma semana sem dinheiro pode significar uma semana sem comida ou remédio, o que pode ser fatal. Imagine a matéria no JN.
O caso do senhor João serve de aviso: caso façam todos os ajustes que a mídia corporativa exige, em nome do mercado, se preparem para a ferroada do escorpião: as matérias que vão mostrar que o governo do presidente Lula está tirando benefícios dos mais pobres. Vão tirar da reta e jogar tudo nas costas do Lula.
É da natureza do escorpião da mídia, sempre contra os interesses do povo e dos governos que trabalham por ele, como todos os do presidente Lula e da presidenta Dilma.
Que tal deixar os benefícios dos pobres em paz e fazer um pente fino nas empresas de mídia que estão com desoneração fiscal para gerar empregos e estão demitindo, o que todas vêm fazendo nos últimos tempos, como o SBT esta semana, praticamente desmontando o Jornalismo da emissora.
Cobre impostos sobre dividendos bilionários que acionistas recebem no Brasil com alíquota Zero.
Deixa o senhor João "comer a costela de vaca bem gorda com batata" em paz, como ele disse à reportagem que estava louco para fazer.
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