Enquanto Trump expulsa imigrantes dos EUA, seu avô implorou para não ser mandado para lá

Vigarista como o neto — o atual presidente dos Estados Unidos Donald Trump, condenado por fraudar documentos num caso de suborno e por maquiar números de suas empresas para conseguir empréstimos com juros mais camaradas Friedrich Drumpf implorou ao príncipe alemão para não ser enviado de volta aos EUA.

O avô alemão de Trump, que nos Estados Unidos americanizou seu nome de batismo para Frederick Trump, partiu da Alemanha para fazer a vida nos Estados Unidos aos 16 anos. 

Como o neto, Frederick se relacionava com prostitutas. Com a diferença de que Donald paga por elas e seu avô ganhava dinheiro com o suor delas, pois foi dono de bordel e um bar na época da corrida do ouro ao Oeste dos EUA.

Dois anos depois, proprietário de várias terras, voltou à Alemanha para se casar com uma antiga vizinha e voltou com ela para os Estados Unidos.

Já rico, tentou voltar a morar de vez na sua Alemanha, mas foi recusado pelo governo de lá por um motivo insólito: não havia cumprido o serviço militar obrigatório. 

Aí outra semelhança com seu neto presidente. Trump não combateu no Vietnã sob a alegação de um prosaico esporão de calcanhar, problema provisório que o livrou das balas vietnamitas.

Frederick Trump implorou ao príncipe para que o aceitasse de volta em seu país, numa carta em que o chamou de "amado”, "nobre”, "sábio” e "justo”, mas de nada adiantou e Drumpf teve que assumir para sempre Trump nos Estados Unidos.

Numa entrevista ao DW, pouco antes da primeira eleição de Trump, sua biógrafa Gwenda Blair contou um pouco sobre as raízes de Donald Trump. Alguns trechos:

DW: Que características do avô e do pai dele você acha que também se refletem em Donald Trump e na maneira como ele conduz seus negócios e sua carreira política?

Gwenda Blair: Eles são realmente uma linha impressionante de pessoas que fariam qualquer coisa para progredir e vencer. Todos eles são extremamente tenazes, nunca desistem e estão dispostos a ir além dos limites para burlar as regras e encontrar brechas.

O vovô Trump construiu seus restaurantes em um terreno que não era de sua propriedade. Naquela época da corrida do ouro em Klondike, era o período do Velho Oeste. Era tudo muito aberto, muito bruto, muitos homens solteiros tentando desesperadamente encontrar ouro - e prostitutas. E os restaurantes do vovô Trump tinham bebidas alcoólicas, comida e acesso a mulheres. Seus restaurantes tinham pequenos cubículos nas laterais com cortinas pesadas - os chamados quartos privativos para mulheres - o que era absolutamente entendido como prostitutas. Seu estabelecimento não era uma exceção, mas ele certamente se deu bem com isso. Depois disso, ele voltou para a Alemanha e afirmou que era um homem tranquilo que evitava bares em seu pedido de repatriação.

Seu filho Fred, que ganhou dinheiro com imóveis nos bairros periféricos da cidade de Nova York, era muito bom em encontrar brechas. Quando estava construindo moradias financiadas pelo Estado, ele criou empresas de equipamentos de fachada e, em seguida, alugou escavadeiras e caminhões de si mesmo a preços muito altos e inflacionados. Isso não era ilegal, mas ele estava ultrapassando os limites e burlando as regras. Ele era muito bom nisso.

Donald, por sua vez, tem sido muito bom em encontrar brechas e burlar as regras quando construiu as Trump Towers, por exemplo. Ele contratou trabalhadores poloneses sem documentos para fazer a demolição do prédio que estava lá antes, pagou-lhes salários muito baixos e os fez dormir no canteiro de obras, pois estavam com um cronograma muito apertado. Posteriormente, ele disse que não havia notado que eles eram indocumentados, o que não poderia ter passado despercebido. Ele é muito bom nisso.

Soa irônico que Donald Trump hoje está aplicando a vários imigrantes o mesmo castigo que o príncipe aplicou a seu avô, só que na contramão.

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